Capim-amargoso: como identificar e controlar na lavoura
O capim-amargoso tem se tornado um dos principais desafios para os produtores rurais no Brasil. Considerada uma das plantas daninhas mais agressivas, ela pode reduzir significativamente a produtividade das lavouras se não for controlada da forma correta.
Neste artigo, você vai saber como identificar o capim-amargoso, quais riscos ele representa para as culturas e como combatê-lo de forma eficaz.
Acompanhe a seguir!
O que é capim-amargoso?
O capim-amargoso (Digitaria insularis) é uma planta daninha, da família das gramíneas, que causa grandes prejuízos em diversas culturas agrícolas como soja, milho e algodão. Ele é nativo do Brasil, mas também se espalhou por outras regiões do mundo.
Em geral, ele também é conhecido por outros nomes dependendo da região, como:
- Capim-flecha;
- Capim-açu;
- Capim-pororó;
- Milheto-gigante.
Culturas afetadas
Em síntese, o capim-amargoso é uma das plantas daninhas mais agressivas e afeta uma grande variedade de culturas agrícolas. As principais são:
Quais são as características do capim-amargoso?
A princípio, por conta das suas características, o capim-amargoso é considerado uma das plantas daninhas mais difíceis de se controlar no Brasil. Veja quais são elas a seguir:
Capacidade de dispersão
O capim-amargoso produz uma enorme quantidade de sementes leves e com pelos, que são facilmente levadas pelo vento e por máquinas agrícolas. Isso faz com que a planta se espalhe rapidamente pela lavoura.
Reprodução por rizomas
Além das sementes, a planta também se reproduz por meio de rizomas, que são caules subterrâneos. Essa característica torna o seu controle ainda mais difícil, já que mesmo após a aplicação de herbicidas, a planta pode rebrotar a partir dessas estruturas.
Resistência a herbicidas
Com o uso constante de alguns produtos, o capim-amargoso desenvolveu resistência a vários herbicidas, principalmente ao glifosato, o que exige o uso de diferentes estratégias de manejo para combatê-lo de forma eficaz.
Competição com as culturas
Essa planta daninha cresce rapidamente e forma touceiras densas, competindo com as culturas por luz, água e nutrientes. Nesse sentido, a competição pode resultar em perdas significativas na produtividade, em alguns casos chegando a mais de 80%.
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Como identificar o capim-amargoso?
Para identificar o capim-amargoso é necessário ficar atento a algumas características visíveis, que variam de acordo com a fase de desenvolvimento da planta. Entenda!
Fase inicial (plântula)
Nessa fase, a identificação é mais difícil, mas é o momento ideal para o controle. A plântula apresenta:
- Folhas estreitas e compridas, com margens levemente serrilhadas;
- Um crescimento inicial que parece lento, mas que rapidamente se transforma em uma touceira;
- Presença de pelos na base das folhas e nos caules (colmos).
Fase adulta (touceira)

Quando a planta atinge a fase adulta, a identificação se torna mais fácil, mas o controle é muito mais difícil, pois o capim-amargoso já formou rizomas (caules subterrâneos) e está acumulando reservas.
- Hábito de crescimento: a planta forma touceiras densas, que podem chegar a mais de um metro de altura;
- Folhas: continuam sendo longas, estreitas e ásperas;
- Inflorescência (flor): é a característica mais marcante e a que dá a ela o nome popular “capim-flecha”. A inflorescência é uma panícula digitiforme, ou seja, tem formato de dedos, com “hastes” finas e compridas;
- Sementes: as sementes são numerosas, leves e cobertas por pelos brancos ou prateados, que facilitam a dispersão pelo vento.
Sinais de resistência a herbicidas
A resistência é um problema sério com o capim-amargoso. Fique atento a estes sinais:
- Rebrota: após a aplicação de um herbicida, a planta parece ter sido afetada, mas volta a crescer;
- Controle ineficaz: o herbicida não causa os sintomas esperados de dessecação na planta, que permanece verde ou pouco danificada;
- Touceiras isoladas: encontrar touceiras de capim-amargoso em áreas que já foram tratadas com herbicidas, principalmente o glifosato, é um forte indicativo de resistência.
É importante monitorar a lavoura constantemente para identificar o capim-amargoso em suas fases iniciais, antes que ele se estabeleça e cause grandes prejuízos.
Quais são os danos causados pelo capim-amargoso?
O capim-amargoso pode causar uma série de danos graves na lavoura, impactando a produtividade, a qualidade da colheita e os custos de produção.
Na prática, a planta é considerada uma das mais problemáticas no Brasil, especialmente por sua capacidade de se adaptar e competir de forma agressiva com as culturas.
Listamos os principais danos a seguir:
Redução da produtividade
O dano mais significativo causado pelo capim-amargoso é a perda da produtividade. Por ser uma planta de rápido crescimento e que forma touceiras densas, ela compete diretamente com a cultura principal por recursos essenciais como:
- Luz solar: a alta estatura e a densidade do capim-amargoso criam sombreamento, impedindo que a cultura afetada receba a luz necessária para a fotossíntese;
- Água e nutrientes: suas raízes e rizomas eficientes disputam a água e os nutrientes do solo, enfraquecendo a cultura principal.
Dificuldade de manejo e aumento de custos
O capim-amargoso também eleva os custos e a complexidade do manejo da lavoura. Isso porque a planta desenvolveu resistência a alguns dos herbicidas mais utilizados, como o glifosato.
Como consequência, o produtor precisa investir em produtos mais caros e em diferentes estratégias de controle, como a rotação de herbicidas com distintos modos de ação.
Além disso, as touceiras robustas do capim-amargoso dificultam o trabalho das colheitadeiras, podendo danificar os equipamentos e atrasar a operação.
Contaminação da colheita
A contaminação ocorre porque durante o processo de colheita, as sementes do capim-amargoso podem se misturar aos grãos colhidos. Isso pode afetar a qualidade do produto final e diminuir seu valor comercial.
Como acabar com o capim-amargoso?
Em geral, controlar e eliminar o capim-amargoso pode ser um desafio significativo para o agricultor, mas é possível com um manejo integrado e contínuo.
Vale ressaltar que não existe uma solução única, já que a planta é resistente e se adapta facilmente. Portanto, o recomendado é combinar diferentes métodos para alcançar um resultado eficaz.
Manejo Integrado de Pragas (MIP)
A melhor forma de controlar o capim-amargoso é por meio do Manejo Integrado de Pragas, que combina diversas táticas. Veja quais são elas:
Controle químico
O uso de herbicidas é o método mais comum, mas exige planejamento. Nesse sentido, o ideal é adotar a rotação de herbicidas e a aplicação no momento certo.
Em geral, como a planta desenvolveu resistência a produtos como o glifosato, é fundamental usar herbicidas com diferentes modos de ação. Afinal, a rotação impede que a planta crie novas resistências.
Já a aplicação deve ser feita nas fases iniciais e desenvolvimento (plântula),antes de formar touceiras e rizomas da planta.
Controle cultural
Esse método utiliza práticas agrícolas que favorecem a cultura principal e desfavorecem a planta daninha como:
Rotação de culturas: alternar a cultura plantada a cada safra ajuda a quebrar o ciclo de vida do capim-amargoso.
Adubação e semeadura correta: garante que a cultura principal tenha acesso a todos os nutrientes e água necessários, dificultando o crescimento das plantas daninhas.
Controle mecânico e físico
Nesse tipo de controle, o uso de implementospara revolver o solo e arrancar o capim-amargoso pode ser útil, mas deve ser feito com cuidado para não espalhar os rizomas e sementes.
Além disso, plantas de cobertura, como o capim-braquiária ou o milheto, podem ser usadas para “competir” com o capim-amargoso. Afinal,elas formam uma densa camada vegetal que impede a germinação das sementes da planta daninha.
Limpeza de equipamentos
A semente de capim-amargoso é facilmente transportada. Por isso, a limpeza de máquinas e implementos agrícolas após o uso em áreas infestadas é fundamental para evitar que a planta se espalhe para outras áreas da fazenda.
Contudo, o sucesso no controle depende da combinação dessas estratégias. Sendo que, o monitoramento constante da lavoura é a melhor forma de identificar a planta em seu estágio inicial e aplicar as medidas de controle mais eficazes.
Conclusão
Enfim, combater o capim-amargoso é um desafio que pede conhecimento e ação preventiva. Assim, ao compreender seus riscos e adotar as técnicas de manejo certas, o produtor garante mais eficiência no campo e reduz custos a longo prazo.
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