Mofo-branco: saiba como essa doença pode impactar sua lavoura

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Mofo-branco: saiba como essa doença pode impactar sua lavoura

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Diversos fatores interferem na produção agrícola, não é mesmo? Você conhece o mofo branco?

As doenças são um dos principais fatores que influenciam negativamente nas lavouras, aumentando o custo e diminuindo a produtividade.

O campo deve ser constantemente monitorado para que você realize os manejos necessários para combater as doenças.

Mas, para que o controle seja efetivo, é preciso conhecer qual a doença presente, como ela afeta sua cultura, quais sintomas e sua evolução, como e quando realizar o controle.

O mofo branco é uma das principais doenças em grandes culturas, como soja, feijão e algodão.

Ela é uma doença que causa sérios prejuízos e se não manejada corretamente, a cada ano que passa ela se agrava.

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Para te ajudar a reconhecer este patógeno, saber qual suas características e como combatê-lo, leia o texto a seguir!

Quem causa o mofo branco?

O fungo Sclerotinia sclerotiorum é o principal agente causal da doença mofo branco que prejudica diversas culturas.

A doença mofo branco também é conhecida por podridão de esclerotinia, podridão branca, murcha de esclerotinia ou podridão de colo.

Este patógeno pode afetar monocotiledôneas e dicotiledôneas, sendo mais de 408 espécies de plantas afetadas.

Este fungo apresenta, em determinado momento do seu ciclo, uma estrutura de resistência denominada de escleródios, assim, podem sobreviver por vários anos no solo.

Os escleródios, além de serem estruturas de resistência e sobrevivência por serem duras, são de propagação e disseminação do fungo, apresentando coloração escura após formado.

Desse modo, é importante conhecer o ciclo de vida deste patógeno, para que você adote medidas preventivas e de controle mais eficientes.

Ciclo de vida do fungo Sclerotinia sclerotiorum

Os escleródios são estruturas de resistência do fungo que podem germinar de dois modos, germinação miceliogênica ou carpogênica.

Esquema do ciclo da doença mofo branco
Fonte: Oliveira, 2016

O tipo de germinação é definido por vários fatores, um deles é as condições ambientais.

Se ocorrer temperaturas amenas, elevada umidade do ambiente e do solo e recebimento de luz, ocorre a germinação carpogênica, onde os escleródios produzem estruturas de frutificação denominadas de apotécios.

Os apotécios produzem os esporos do fungo em seu interior, chamados de ascósporos.

Esse tipo de germinação é importante pois o vento pode transportar os esporos de 50 a 100 metros da fonte produtora, gerando grandes danos, sendo o tipo que mais ocorre em culturas como soja, feijão, algodão, entre outras.

Detalhe da formação dos apotécios, A- crescimento do apotécio, B- apotécio completamente maduro e C- ejeção de ascósporos
Fonte: Kreyci, 2016

Sem o recebimento de luz solar, ocorre a germinação miceliogênica, onde os micélios surgem dos escleródios e infectam as partes da planta que estão em contato com o solo, como o colo da planta ou vagens na base da planta.

Neste tipo de germinação ocorre infecção apenas das plantas que estão em contato com o escleródio germinado.

Detalhe da formação de micélios pela germinação miceliogênica, A- formação de micélios (branco) pelo escleródio (preto),B- vagens de feijão com micélios e C- colo de plantas de soja com micélios
Fonte: Embrapa

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Sintomas do mofo branco nas plantas

Este fungo ataca diversas espécies de plantas, causando sérios prejuízos, como soja, algodão e feijão.

O mofo branco na cultura da soja causa sérios prejuízos na produção e qualidade dos grãos.

Da floração plena até o início da formação de grãos é a época que apresenta as condições de microclima na lavoura ideal para a incidência da doença, principalmente com a ocorrência de chuvas intensas ou irrigação.

O mesmo ocorre com o mofo branco na cultura do feijoeiro, onde os esporos do fungo germinam e infectam principalmente as flores, sendo uma das principais doenças desta cultura.

Entretanto, apesar de ocorrer preferencialmente nas flores por serem fontes de nutrientes para o desenvolvimento do patógeno, pode infectar as folhas, pecíolos e internódios das plantas.

As flores infectadas caem e podem ficar retidas na junção do pecíolo com a haste da planta, aparecendo os sintomas característicos de mofo branco.

Os sintomas visíveis na haste e vagens são lesões encharcadas nos órgãos afetados, o tecido fica com coloração parda/acastanhada e consistência mole.

Logo após aparecem os micélios que são brancos, formando uma massa densa com aspecto cotonoso.

Os escleródios são formados pelos micélios, na superfície e no interior da haste e das vagens.

Pode ocorrer morte da planta pela necrose, infectando plantas vizinhas.

As sementes infectadas ficam com coloração opaca, enrugadas, menores e mais leves.

O mofo branco na cultura do algodão apresenta sintomas semelhantes ao da soja e feijão, porém afetando as maçãs da planta.

As folhas também ficam com aspecto encharcado, com coloração amarelada e posterior marrom, que vão crescendo, afetando toda a folha, que fica quebradiça e cai.

Sintomas do mofo branco, A- micélio e escleródios na haste principal de soja, B- micélio e escleródios no interior da haste principal de soja, C- maçã do algodoeira com presença de micélio e D- folhas com micélio e aspecto encharcado
Fonte: A e B: Embrapa; C: Amipa e D: Agrolink

Prejuízos causados pelo mofo branco nas culturas

As regiões do Sul e Centro-Oeste do Brasil são os principais locais onde ocorrem com frequência ambientes favoráveis para o mofo branco.

Ou seja, alta umidade, temperatura entre 10 °C e 21°C, terrenos com altitudes acima de 600 metros, são os mais propícios à ocorrência desta doença.

Assim, com a presença do patógeno nas áreas produtoras, os sintomas podem ocasionar morte da planta, redução do número de vagens e consequentemente na quantidade de grãos ou pluma de algodão.

Segundo os testes conduzidos pela Embrapa a cada 1% de aumento da incidência de mofo branco, a produtividade de soja é reduzida em média 17,2 kg ha-1, e aumenta em 100 g ha-1 a produção de escleródios.

Assim, o mofo branco na cultura da soja e feijão pode levar a perdas de 70% da produtividade.

Se não for adotada nenhuma medida de controle, pode ocorrer perdas de 100% da produção e infestação do campo com estruturas de resistência do fungo.

Incidência, controle relativo (C),produtividade da soja, redução de produtividade (RP),massa de escleródios produzidos (M. Escler.) e redução da massa de escleródios (RMEsc) em função dos tratamentos fungicidas dos ensaios cooperativos de controle de mofo-branco em soja, na safra 2020/2021
Fonte: Embrapa

Veja na figura acima que a testemunha, ou seja, área onde não foi realizada nenhuma medida de controle, houve redução da produtividade e aumento da massa de escleródios produzidos.

Desse modo, é fundamental realizar medidas de controle eficiente nas áreas onde se encontra este fungo.

Práticas de manejo desta doença

Este fungo pode ser introduzido de três modos em áreas livres de mofo branco:

  • Sementes contaminadas;
  • Escleródios junto ao lote de sementes;
  • Escleródios junto de máquinas e implementos.

Assim, uma das medidas preventivas de controle é utilizar sementes certificadas e de alta qualidade, para evitar inserir escleródios junto com as sementes.

Realizar a limpeza cuidadosa dos equipamentos, sempre que for mudar de área, em especial se utilizar as máquinas e implementos em áreas com histórico da doença.

Caso a área já tenha a presença do patógeno, o uso de controle químico é mais utilizado.

Na tabela anterior são listados alguns fungicidas utilizados para controle do mofo branco na soja.

Para saber os demais fungicidas acesse o site do agrolink ou agrofit e veja quais produtos e culturas são recomendados.

Há outras práticas que também auxiliam no controle do patógeno, como:

  • Realizar rotação de culturas utilizando espécies não hospedeiras;
  • Deixar palhada no solo, especialmente de gramíneas, que em geral não são hospedeiras do fungo;
  • Favorecer o desenvolvimento de microrganismos do solo que controlam o patógeno (exemplo: palhada no solo);
  • Tratar as sementes;
  • Utilizar espaçamento e população de plantas adequado, evitando criar um microclima na lavoura ideal para o desenvolvimento do fungo;
  • Utilizar controle biológico.

O Trichoderma harzianum é um fungo que parasita outros fungos fitopatogênicos do solo, um deles é o Sclerotinia sclerotiorum.

Alguns produtos já são comercializados contendo este fungo benéfico para agricultura.

Pode ser utilizado no tratamento de sementes e via foliar em todas as culturas acometidas pela doença.

O Trichoderma parasita o escleródio, retirando os nutrientes e produzindo enzimas que destroem a estrutura de resistência do fungo causador do mofo branco.

Exemplo do escleródio sadio e parasitado porTrichoderma
Fonte: Rizobacter

Assim, adotar um manejo integrado de combate a esta doença é uma ótima ferramenta para reduzir os escleródios e obter altas produtividades.

Conclusão

O mofo branco é uma doença que pode ocorrer em diversas áreas brasileiras, afetando grande parte das culturas comerciais.

Os escleródios são estruturas do fungo que podem permanecer viáveis no solo por vários anos.

Se o controle não for realizado, há um aumento de escleródios no solo e redução da produtividade.

Utilize medidas integradas de controle, assim há maior chance de reduzir o aparecimento do mofo branco na sua lavoura.

Fique atento na sua lavoura, evite a entrada deste patógeno ou se já houver, realize sempre medidas de controle para diminuir as estruturas de sobrevivência do fungo.

Espero que este artigo tenha fornecido informações úteis para você. Se quiser saber mais sobre rotação de cultura, clique aqui!

Até mais!


Publicado por:
Engenheira Agrônoma pela Universidade Estadual de São Paulo (UNESP),mestre em Sistemas de Produção pela pela mesma instituição. Doutora em Fitotecnia pela Universidade de São Paulo (ESALQ/USP).
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