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Como utilizar a operação de hedge a favor do agronegócio?

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As operações de hedge são muito utilizadas em todos os segmentos da economia. Elas são de fundamental importância para minimizar os riscos de previsibilidade de receita e de custos de produção para os compradores e vendedores numa determinada transação mercantil ou operação financeira.

A palavra “hedge” significa “cerca” em inglês, e é utilizada nas operações econômicas no sentido de “proteção” contra os riscos e incertezas existentes em relação às oscilações de cotações dos produtos. Ou seja, quando alguém faz uma operação de hedge está se protegendo de riscos ligados principalmente às oscilações dos preços de mercado, como custos de insumos de produção e também preços de comercialização dos seus produtos.

Vamos exemplificar. Suponha que você seja um produtor de café que está planejando o cultivo da sua lavoura. Hoje, o preço do café está em R$ 1.000 por saca de 60 kg de café. Porém, você não possui ainda o café disponível para comercializá-lo. Naturalmente, você irá correr um risco de rentabilidade, já que o preço do café nos próximos 6 meses em que você estará fazendo o manejo da sua lavoura até o momento de o seu produto estar pronto para comercialização pode cair para R$ 900 ou R$ 800 o preço da saca de 60 quilos. A fim de evitar um risco, você pode fazer um travamento, uma operação de hedge do preço do seu produto, no valor de R$ 1.000/saca, o que evitará uma perda no caso de queda de preços no momento da colheita.

No agronegócio, as operações de hedge são muito importantes especialmente porque estamos lidando com uma cadeia baseada em commodities, que são produtos comercializados a nível mundial e que, portanto, possuem grande oscilação dos preços ao longo do tempo. Alguns exemplos mais conhecidos de commodities na economia são: petróleo, minério de ferro, ouro, soja e café. O preço do petróleo, por exemplo, afeta profundamente todos os custos de produção da economia, pois quando há um aumento do custo do frete, existe uma pressão de aumento de custos em todas as cadeias produtivas.

Além disso, os preços das moedas, especialmente o dólar, afetam os preços dos produtos negociados no mercado internacional. Quando há uma valorização do dólar perante a nossa moeda ou, em outras palavras, quando ocorre uma desvalorização do real, os custos dos insumos importados pela indústria brasileira ficam mais elevados. As matérias-primas utilizadas para a produção de fertilizantes e defensivos agrícolas no Brasil, que são cerca de 80% trazidos do mercado internacional. Por isso, é importante que os produtores rurais busquem realizar operações de hedge para se evitar surpresas desagradáveis no momento de contabilizar os custos de produção dos insumos. Vide por exemplo, a variação dos gastos com fertilizantes para a produção de soja entre a Safra 2020/21 e 2021/22, em importantes praças de produção da oleaginosa:

Fonte: Relatório de custos de produção CEPEA/ESALQ

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É muita clara a alta dependência que os preços dos fertilizantes no mercado brasileiro possuem em relação ao preço do dólar. Quando o dólar se valoriza, os fertilizantes ficam mais caros no mercado internacional. As indústrias importadoras de matérias-primas buscam realizar operação de travamento de dólar para evitar surpresas desagradáveis e criar uma previsibilidade de custos de produção ao longo do ano. Essa operação de travamento pode ser realizada de diferentes formas, mas a mais comum delas é fazendo operação no chamado “mercado futuro”, através da B3, pela Bolsa de Mercadorias & Futuros.

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É possível, através dessas bolsas, adquirir contratos de cotações futuras de diferentes produtos da economia, como o dólar, petróleo, taxas de juros e commodities agrícolas. Esse mercado é chamado de mercado de “derivativos”, que possuem esse nome porque os preços de seus contratos estão ligados à derivação de um produto físico ou financeiro já negociado na economia.

A importância de se fazer um hedge, independentemente de se estar na ponta “compradora” ou na ponta “vendedora”, baseia-se no fato de que existem incertezas e imprevisibilidades nos preços dos produtos e que podem prejudicar o planejamento financeiro realizado por uma empresa ou por um produtor rural.

Recentemente, no dia 23 de setembro de 2021, o Governo Federal isentou a cobrança de impostos de importação do milho por parte do Brasil (alíquota de PIS/COFINS, medida válida até 31 de dezembro de 2021). Isso tem o objetivo de baratear o preço da produção dos derivados de milho no mercado interno, especialmente da indústria de rações, a fim de diminuir a pressão inflacionária. Se, por um lado, essa medida é extremamente benéfica para os produtores das cadeias ligadas à pecuária (gado de corte, leite, suinocultura e avicultura),que terão seus custos barateados, a isenção do imposto de importação prejudica o produtor brasileiro de milho, que terá no mercado um produto mais barato para concorrer com ele.

Devido a essas incertezas, é muito importante que os produtores façam operação de hedge dos seus preços, para evitar que as quedas futuras dos preços possam prejudicar a sua projeção de rentabilidade. Essas operações de hedge podem ser feitas através de fixação de contratos futuros com alguns compradores da produção e algumas instituições financeiras também oferecem aos produtores rurais uma espécie de seguro de preços, que protege o agricultor numa eventual queda de preços. Vide abaixo um desenho esquemático sobre a importância das operações de hedge para o agronegócio.

Fonte: F. Prince Consultoria Econômica

Os contratos de CPR (Cédula de Produto Rural) com Liquidação Física também são formas de se garantir uma proteção de preços aos produtores rurais. A CPR é um título de crédito muito utilizada no agronegócio e que estabelece uma quantidade fixa de produto a ser entregue, por exemplo, sacas de soja ou de café, tendo em contrapartida a obtenção de um financiamento bancário ou financiamento mercantil (aquisição de insumos) a ser utilizado na lavoura.

No agronegócio também é muito comum a chamada operação de “troca” ou operação de “barter”, que consiste na troca de uma determinada quantidade de insumos que deve ser utilizada na produção agropecuária pela contrapartida da entrega de determinada quantidade de s, após a colheita. É uma operação triangular que envolve geralmente uma comercializada de insumos (indústria ou revenda),o produtor rural e um comprador da produção (trading ou agroindústria, cooperativas, por exemplo),como no esquema abaixo:

Fonte: F. Prince Consultoria Econômica

Por isso, é muito importante a realização de operações de hedge no agronegócio, que têm se ampliado cada vez mais, como uma forma de proteger os produtores rurais e as empresas da cadeia do agronegócio das oscilações dos preços da economia, que podem ocorrer por diversos motivos.

Infelizmente, ainda existe uma carência de instrumentos mais acessíveis e generalizados para se ofertar operações de hedge para produtores de algumas cadeias de produção, como as cadeias de hortifrutis, pecuária de leite, dentre outros. Em geral, as operações de hedge são mais acessíveis para os produtos ditos “commoditizados”, como a soja, milho, algodão e café. Algumas operações ainda são caras e inviáveis em pequena escala.

Se você é produtor rural, mesmo que você desconheça contratos que ofereçam operações de hedge, procure negociar com o seu comprador contratos que possam garantir uma prefixação do preço, evitando assim, por exemplo, surpresas desagradáveis no momento da comercialização.

Se você atua na indústria, procure aplicar as soluções já existentes para realização de hedge na sua empresa. Existe uma tendência cada vez maior da integração de produtos ligados à gestão de riscos de crédito, operações estruturadas de financiamento, com o mercado de capitais, que podem trazer muitas soluções interessantes para a proteção de rentabilidade do seu negócio. Busque soluções criativas com a área interna da empresa e com os agentes financiadores, que são beneficiados com as operações de hedge que trazer maior estabilidade e previsibilidade para o negócio. As operações de hedge são cada vez mais utilizadas como estratégia para aumento do market share. Assim todos saem ganhando e o agronegócio continua crescendo com mais estabilidade para todos os agentes envolvidos na cadeia.

Boa sorte e bons negócios!


Publicado por:
Economista, mestre e doutorando em Desenvolvimento Econômico pela UNICAMP. É sócio-diretor da F. PRINCE – CONSULTORIA ECONÔMICA e possui experiência em consultoria especializada em finanças, crédito, inteligência de mercado, gestão de riscos no agronegócio e treinamentos, com trabalhos prestados para diversas indústrias de insumos, distribuidores e instituições financeiras em todo o Brasil.
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