Brachiaria: conheça as principais espécies e as formas de manejo

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Brachiaria: conheça as principais espécies e como manejar

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A utilização do capim Brachiaria era, antigamente, feita apenas para pecuaristas na alimentação do gado.

No entanto, com o desenvolvimento dos estudos e a junção do sistema agrícola e pecuário, iniciou-se a utilização destes capins na agricultura.

Assim, devido a mudança do sistema de manejo de algumas propriedades para o plantio direto, o uso de braquiária na produção de grãos ganhou mais força.

Nesse sentido, o uso de braquiária em áreas agrícolas tem que ser planejado corretamente, utilizando a espécie mais adequada para seu sistema.

Pensando nisso, separamos algumas informações para que você conheça mais sobre as espécies de capim braquiária e saiba os resultados que elas podem trazer na sua lavoura, venha conferir!

O que é Brachiaria?

A Brachiaria é um gênero de gramínea, pertencente à família Poaceae e originária da África. Na prática, ela é amplamente utilizada nas pastagens da América Tropical.

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No Brasil, essa gramínea passou a ser adotada como forrageira para alimentação do gado a pasto a partir da década de 1950, principalmente em regiões de climas secos, como o Cerrado, que concentra a maior parte da produção pecuária brasileira, com cerca de 60 milhões de hectares de pastagens.

Quais são os tipos de Brachiaria?

O gênero Brachiaria apresenta cerca de 80 espécies, entretanto no Brasil poucas espécies são utilizadas.

Os tipos de braquiárias mais comuns encontradas nos solos brasileiros são Brachiaria decumbens, B. brizantha, B. humidicola, B. ruziziensis, B dictyoneura, B. mutica e B arrecta.

Em síntese, das braquiárias citadas, 80% da área de cultivo no país corresponde a decumbens, brizantha, humidicola e ruziziensis, sendo as mais importantes.

Dentre as espécies, se destacam alguns cultivares mais utilizados no país, veja na tabela abaixo os principais cultivares utilizados.

Fonte: Adaptado de EMBRAPA

Nesse sentido, a escolha do cultivar depende das características da área, como fertilidade do solo, características da região, como altitude e precipitação, entre outros fatores.

Em resumo, cada cultivar tem uma exigência hídrica e de fertilidade, o que faz com que seu crescimento e potencial de massa verde sejam dependentes destas exigências.

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Características das principais espécies

Brachiaria decumbens

Recomendação de solo: solos de baixa, média e alta fertilidade.

Forma de crescimento: touceira decumbente.

Época ideal de semeadura: outubro a fevereiro.

Altura: de 0,6 a 1,0 m.

Utilização recomendada: pastejo direto ou fenação.

Precipitação pluviométrica: acima de 800 mm anuais.

Tolerância à seca: boa.

Tolerância ao frio: média.

Cigarrinha: suscetível.

Controle e dessecação: difícil, acúmulo de sementes viáveis no solo.

Brachiaria decumbens
Brachiaria decumbens
Fonte: Embrapa

Brachiaria brizantha

Recomendação de solo: solos de média a alta fertilidade, não tolera solo mal drenado.

Forma de crescimento: touceira semi-ereta ou decumbente.

Época ideal de semeadura: outubro a fevereiro.

Altura: de 1,0 a 1,50 m.

Utilização recomendada: pastejo direto ou fenação.

Precipitação pluviométrica: acima de 800 mm anuais.

Tolerância à seca: de média a boa.

Tolerância ao frio: de média a boa.

Cigarrinha: suscetível (cultivar Xaraés),resistente (cultivar Marandu) e média resistência (cultivar MG 4).

Controle e dessecação: média devido à baixa rebrota (Marandu),difícil devido à alta rebrota (Xaraés).

Cultivar Marandu, comumente conhecido como capim braquiarão, apresenta um bom desenvolvimento sob a sombra, sendo adaptado ao consórcio com outras culturas.

Fonte: Embrapa

Brachiaria ruziziensis

Recomendação de solo: solos de média a alta fertilidade, não se desenvolve bem em solos ácidos.

Forma de crescimento: touceira semi-ereta.

Época ideal de semeadura: novembro a fevereiro.

Altura: de 1,50 a 1,70 m.

Utilização recomendada: pastejo direto, fenação e cobertura de solo para plantio direto.

Precipitação pluviométrica: acima de 800 mm anuais.

Tolerância à seca: média.

Tolerância ao frio: boa.

Cigarrinha: suscetível.

Controle e dessecação: fácil, apresentando um rápido estabelecimento.

Brachiaria ruziziensis
Brachiaria ruziziensis
Fonte: Embrapa

Brachiaria humidicola

Recomendação de solo: solos de baixa fertilidade, tolera acidez, solos arenosos e com problema de drenagem.

Forma de crescimento: estolonífera.

Época ideal de semeadura: novembro a janeiro.

Altura: até 1,0 m.

Utilização recomendada: pastejo direto ou fenação.

Precipitação pluviométrica: acima de 700 mm anuais.

Tolerância à seca: boa.

Tolerância ao frio: média.

Cigarrinha: tolerante.

Controle e dessecação: médio, devido aos estolões.

Brachiaria humidicola
Brachiaria humidicola
Fonte: Embrapa

Quais os benefícios da Braquiária?

A Braquiária pode beneficiar a propriedade rural de diversas formas como:

  • Oferece forragem aos animais;
  • Contribui para a estruturação do solo, especialmente, em culturas de milho e café;
  • Reduz o aparecimento de plantas invasoras;
  • Colabora para o controle de mofo branco;
  • Ajuda a melhorar as propriedades físicas, químicas e biológicas do solo.

Utilização das espécies de Braquiária

A princípio, você deve definir qual a finalidade da braquiária que irá utilizar, isto também está relacionado a escolha da espécie e cultivar.

Isso porque o uso destas forrageiras não são restritos apenas para consumo animal, elas são utilizadas também como proteção do solo e palhada, sendo utilizadas com diferentes propósitos.

Como vimos acima, para pastejo animal, recomenda-se todas as espécies de braquiárias.

Logo, seguindo as necessidades de espécie com as características da sua área, você consegue obter melhores resultados na produção animal.

Além disso, a Brachiaria também tem sido utilizada nas encostas de estradas e rodovias para evitar a erosão dos barrancos.

Assim, pelo sistema radicular ser profundo, produzir muitas raízes e estruturação do solo, estas plantas auxiliam no controle de erosão de morros.

Estas características, juntamente com a alta produção de biomassa, alta reciclagem de nutrientes, entre outras características, beneficiam o uso destas espécies em sistemas agrícolas.

Ademais, o uso destas espécies já vem sendo estudados na integração lavoura-pecuária, trazendo vantagens aos dois segmentos.

Tipo de sistemas de integração lavoura-pecuária, soja-forrageira - Brachiaria
Tipo de sistemas de integração lavoura-pecuária, soja-forrageira.
Fonte: Embrapa

Com a implementação do sistema de plantio direto em muitas áreas agrícolas, o uso destes tipos de capim traz todos os benefícios citados acima, além de manter a umidade do solo.

Assim, além de sua utilização na pecuária como alimentação animal, o uso da braquiária tem ganhado cada vez mais espaço na agricultura.

Manejo da Brachiaria na lavoura

Em síntese, o uso de braquiárias nas entrelinhas de culturas perenes, como café e laranja, é bastante adotado para a proteção do solo e manutenção da umidade do solo.

Entretanto, em áreas produtoras de grãos, além de serem utilizadas por conta dos benefícios citados, também reduzem os danos causados por nematóides e auxiliam no controle de plantas invasoras, devido à palhada deixada no solo.

Além disso, no plantio direto, que não há revolvimento do solo, a braquiária atua na descompactação do solo, devido ao grande volume de raízes.

Ademais, outro ponto positivo é a capacidade dessas plantas absorverem formas de fósforo (P) e potássio (K) que outras culturas não têm acesso.

Contudo, quando ocorre a decomposição da planta, a outra cultura pode absorver este nutriente disponibilizado.

Produção de grãos

Em resumo, não recomenda-se todas as espécies para uso em áreas de produção de grãos.

As braquiárias recomendadas são as fáceis de manejar, que apresentam um rápido estabelecimento e principalmente, um fácil controle.

No entanto, por terem a presença de estolões, em algumas espécies, o manejo deve ser adequado, evitando que a braquiária se torne uma planta invasora na cultura subsequente.

Estudos mostram que a época de controle das braquiárias interferem na produtividade da soja.

Comparação da produtividade de duas cultivares de soja, em relação a época de controle de Brachiaria decumbens
Produtividade de duas cultivares de soja, em relação a época de controle de Brachiaria decumbens em 28, 14, 7 e 0 dias antes da semeadura de soja.
Fonte: Nunes e colaboradores

Outro estudo constatou que a produtividade de soja em sucessão com milho + Brachiaria ruziziensis teve aumento de 1036 kg/ha em comparação com pousio antes da semeadura.

Os benefícios do uso de braquiária em áreas de lavouras de grãos já são constatados, mostrando ganho de produtividade e melhor estruturação do solo.

Portanto, não esqueça de pesquisar na sua região qual melhor tipo de braquiária e como é feito o seu manejo antes da semeadura da sua cultura de grãos.

Fique atento na época de controle destas plantas, para que seu uso traga todos os benefícios esperados!

Conclusão

Enfim, neste artigo você viu as principais espécies de Brachiaria utilizadas no país, assim como os principais cultivares.

Além disso, viu que cada espécie tem suas características e modos de manejo e que na escolha da espécie alguns fatores devem ser considerados, como o clima da sua região.

Também verificou quais são os benefícios de utilizar as plantas de braquiária na sua área.

Mas para iniciar seu uso, tem que haver planejamento e saber como manejar a área com estas plantas!

Então, espero que este artigo tenha fornecido informações úteis a respeito deste tema. Para saber mais sobre plantio direto clique aqui!

Até mais!


Publicado por:
Engenheira Agrônoma pela Universidade Estadual de São Paulo (UNESP),mestre em Sistemas de Produção pela pela mesma instituição. Doutora em Fitotecnia pela Universidade de São Paulo (ESALQ/USP).
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