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Glifosato: conheça o herbicida mais popular do mundo

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O glifosato é um dos produtos mais utilizados para o controle de plantas daninhas no Brasil, especialmente em culturas de soja, milho e algodão.

Neste artigo vamos explicar o que é glifosato, para que serve e como aplicar esse herbicida na lavoura.

Acompanhe a seguir!

O que é e para que serve glifosato?

Em síntese, o glifosato é um princípio ativo, ou seja, uma molécula desenvolvida na fabricação de herbicidas e defensivos agrícolas utilizados no controle de plantas daninhas. Ele é um composto organofosforado que está presente em mais de 750 agroquímicos.

Logo, os herbicidas que possuem glifosato em sua composição geralmente são empregados no controle de espécies anuais e perenes. Além disso, também são adotados no manejo de plantas daninhas aquáticas.

O glifosato é um dos defensivos agrícolas mais comercializados no Brasil. Confira o histórico do volume do herbicida glifosato aplicado no Brasil de 2010 a 2022 abaixo:

histórico do volume do herbicida glifosato no Brasil
Histórico do volume do herbicida Glifosato aplicado no Brasil de 2010 a 2022. Fonte: Ibama, Relatório de comercialização de agrotóxicos, Boletim 2010 a Boletim 2023.

Como o glifosato age nas plantas?

O glifosato age nas plantas daninhas por meio da inibição da enzima EPSPS, essencial para a síntese de aminoácidos aromáticos e responsável pela produção de aminoácidos essenciais para o desenvolvimento das plantas.

Assim, com a inibição dessa enzima, ocorre morte das plantas por esgotamento das reservas de aminoácidos e desequilíbrio metabólico.

Na prática, após a aplicação do herbicida à base de glifosato é possível observar alguns sintomas como o amarelecimento das folhas, seguido de murcha e necrose.

A absorção pelas plantas pode variar de acordo com fatores como a espécie da planta, a idade, o tamanho e o estado de desenvolvimento das folhas. Dessa forma, as folhas podem absorver cerca de 60% do produto, enquanto a translocação até as raízes pode atingir até 20% da dosagem aplicada. Por fim, a morte das plantas geralmente ocorre em dias ou semanas.

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Em quantos dias o glifosato começa a fazer efeito?

O glifosato geralmente leva de 2 a 4 dias para começar a mostrar sinais visíveis de ação nas plantas. No entanto, o tempo exato para ver os efeitos pode variar. Sendo que, a morte total da planta pode levar de 7 a 14 dias ou até mais, dependendo da espécie e das condições de aplicação.

Nesse sentido, vários fatores podem acelerar ou retardar a eficácia do glifosato:

Tipo de planta: plantas mais jovens e em crescimento ativo tendem a absorver o glifosato mais rapidamente, o que faz o efeito aparecer mais cedo. Por outro lado, plantas mais velhas, com folhas mais espessas ou com estresse hídrico, podem demorar mais para absorver o produto.

Condições climáticas: o glifosato funciona melhor em climas quentes e úmidos. Portanto, temperaturas baixas ou clima seco podem retardar a absorção e a translocação do produto dentro da planta.

Formulação e dose: a concentração do glifosato na solução e a presença de aditivos (surfactantes) também influenciam a rapidez com que a planta o absorve. Sendo assim, uma dose adequada e uma boa formulação garantem um resultado mais rápido.

Aplicação: a qualidade da aplicação também é fundamental. Assim, a cobertura uniforme das folhas com o produto é essencial para a absorção e o efeito.

Composição química do glifosato

A composição química do glifosato é bem específica. Seu nome químico oficial é ácido N-(fosfonometil)glicina.

Sua fórmula química é C₃H₈NO₅P.

Logo, a estrutura molecular do glifosato indica a presença de três átomos de carbono (C),oito átomos de hidrogênio (H),um átomo de nitrogênio (N),cinco átomos de oxigênio (O) e um átomo de fósforo (P).

Quais são as plantas daninhas resistentes ao glifosato?

No Brasil, as plantas daninhas que possuem resistência comprovada ao herbicida glifosato são:

Em resumo, o uso contínuo de glifosato, como única alternativa de controle químico, ao longo do ciclo das culturas, sem o emprego da rotação de culturas e quando há um elevado nível de infestação de plantas daninhas é responsável por aumentar a pressão de seleção e a probabilidade de selecionar plantas resistentes ao herbicida.

Por isso, é importante considerar as seguintes práticas:

  • Fazer a mistura ou alternar herbicidas com diferentes mecanismos de ação;
  • Adotar outros métodos de controle de plantas daninhas como o cultural, o mecânico e o químico;
  • Utilizar a rotação de culturas;
  • Fazer o controle quando houver baixo nível de infestação no campo.

Por que glifosato é tão utilizado?

O glifosato é amplamente utilizado por uma série de razões que o tornam uma escolha popular e eficaz na agricultura e no controle de plantas daninhas.

Eficácia no controle de plantas daninhas

O glifosato é um herbicida não seletivo, o que significa que ele é eficaz contra uma ampla variedade de plantas daninhas, sejam elas anuais ou perenes.

Em geral, ele age inibindo uma enzima essencial para a produção de proteínas nas plantas, o que leva à sua morte. A maioria dos outros herbicidas, em contraste, são seletivos, agindo apenas sobre um tipo específico de planta daninha.

Baixo custo

O glifosato é relativamente barato de produzir, o que o torna uma opção economicamente viável para agricultores de grande escala em todo o mundo.

Contudo, essa acessibilidade ajuda a reduzir os custos de produção e, consequentemente, o preço final dos alimentos.

Sistema de ação

O glifosato é absorvido pelas folhas da planta e é distribuído por toda ela (incluindo as raízes),garantindo que a planta inteira seja eliminada, não apenas a parte visível acima do solo. Isso impede que a planta daninha volte a crescer a partir das raízes.

Menor persistência no solo

Comparado a outros herbicidas, o glifosato é considerado de baixa persistência no solo, o que significa que ele se degrada rapidamente em compostos não-tóxicos, como o fosfato, o dióxido de carbono e o amoníaco. Como resultado, há a redução do risco de acúmulo no solo e de danos a culturas futuras.

Em quais situações o glifosato pode ser utilizado?

O glifosato pode ser utilizado em diversas situações como:

  • Para limpar o terreno de plantas daninhas antes que as sementes da cultura principal sejam plantadas;
  • Para controlar o crescimento de plantas indesejadas que competem com as mudas de árvores em florestas e plantações;
  • Aplica-se em áreas de plantio diretoou convencional antes do plantio para eliminar a vegetação e preparar o solo para as culturas;
  • Na cultura da cana-de-açúcar, o glifosato é aplicado para erradicar as “soqueiras” (remanescentes da cana após a colheita);
  • Após o plantio das árvores, é aplicado entre as linhas para controlar o crescimento de plantas daninhas.

Contraindicações para o uso do glifosato

A princípio, não é recomendado utilizar o glifosato em áreas próximas a cursos d’água, pois pode afetar a fauna e flora aquática. Além disso, a substância não deve ser utilizada em áreas com declives acentuados, visto que, pode ocorrer a perda do produto por escoamento e lixiviação, contaminando solos e águas subterrâneas.

Ademais, a aplicação em dias com ventos fortes também deve ser evitada a fim de minimizar a deriva do produto.

Em geral, existem algumas contraindicações sobre o uso do glifosato que devem ser consideradas pelos produtores rurais. Veja quais são elas:

Culturas sensíveis

O glifosato pode provocar danos a algumas culturas sensíveis, como plantas ornamentais, hortaliças, frutas cítricas, entre outras. Sendo assim, antes de aplicar o produto é importante verificar se a cultura a ser tratada pode ser afetada.

Condições climáticas

Em dias com ventos fortes, a aplicação do glifosato deve ser evitada. Afinal, pode causar a deriva do produto em áreas não desejadas.

Além disso, a aplicação em dias quentes e com baixa umidade do ar, pode interferir na absorção do produto pelas plantas e reduzir sua eficácia.

Áreas próximas a corpos d’água

O glifosato pode ser tóxico para alguns organismos aquáticos. Portanto, sua aplicação deve ser evitada em áreas próximas a rios, lagos, represas e outros corpos d’água.

Ademais, é fundamental respeitar as legislações ambientais locais e as recomendações das autoridades competentes.

Uso em excesso

O uso excessivo do glifosato pode causar à seleção de plantas daninhas resistentes ao herbicida, o que pode reduzir a sua eficácia a longo prazo. Nesse sentido, é importante seguir as dosagens recomendadas e utilizar o produto de forma responsável e apropriada.

Quais são as regulamentações para o uso de glifosato?

As regulamentações para o uso do glifosato variam significativamente de país para país, e até mesmo entre regiões dentro do mesmo país. Portanto, não existe uma regra global única, e o debate sobre sua toxicidade continua a influenciar as decisões regulatórias.

No Brasil, as regulamentações do glifosato são regidas pela Lei nº 14.785/2023, do Ministério da Agricultura, que estabelece normas para agrotóxicos.

Além disso, sua utilização depende da aprovação da Anvisa, que reavaliou o produto e não o considerou cancerígeno, e do Ibama, que fiscaliza a sua aplicação através de rótulos, bulas e órgãos ambientais.

Contudo, a aplicação deve seguir as instruções da bula, utilizando Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) adequados.

Como aplicar o glifosato?

O glifosato pode ser aplicado em diferentes estágios de crescimento das plantas daninhas. No entanto, recomenda-se aplicar antes do florescimento para garantir uma melhor eficácia.

A dosagem do herbicida deve ser ajustada conforme a espécie de planta a ser controlada, a área tratada e as condições ambientais.

Aplicação

Uma das formas de realizar aplicação do glifosato é por meio de pulverização com equipamentos específicos, como pulverizadores costais, tratorizados, aéreos ou por equipamentos elétricos.

Por ser uma atividade complexa, é necessário ficar atento às condições ambientais. Afinal, fatores como velocidade do vento, umidade relativa do ar, formação de orvalho e temperatura influenciam na eficiência da pulverização.

Além disso, no caso da ocorrência de chuva, após a aplicação, a operação deve ser refeita em outro momento. Sendo que, o indicado é levar em consideração o intervalo mínimo de 6 horas entre a pulverização do herbicida e a ocorrência de chuvas.

No mais, assim como os demais defensivos agrícolas, os herbicidas podem oferecer riscos à saúde. Por isso, o responsável deve seguir rigorosamente as instruções contidas no rótulo e na bula dos produtos.

Em caso de dúvidas sobre equipamentos de proteção individual, limpeza do pulverizador de descarte de embalagens vazias, consulte a Norma Regulamentadora Nº 31 (NR – 31) ou busque a ajuda de um engenheiro agrônomo.

Quais são as vantagens e desvantagens do glifosato?

O glifosato, como qualquer produto químico amplamente utilizado, apresenta vantagens e desvantagens que são objeto de intenso debate.

Vantagens

Eficácia e amplo espectro: o glifosato é um herbicida altamente eficaz que mata uma grande variedade de plantas daninhas, tanto de folha larga quanto de gramíneas.

Ação sistêmica: ele é absorvido pelas folhas e se distribui por toda a planta, incluindo as raízes, o que garante a eliminação completa da planta daninha e impede o rebrote.

Baixo custo: é um herbicida relativamente barato de produzir, o que o torna economicamente viável para agricultores de grande escala.

Baixa persistência no solo: o glifosato se degrada rapidamente em compostos inofensivos, o que reduz o risco de contaminação do solo a longo prazo e permite o plantio de culturas futuras sem problemas.

Parceria com culturas resistentes: o desenvolvimento de culturas geneticamente modificadas (como a soja e o milho “Roundup Ready”) que são resistentes ao glifosato, simplificou o manejo de plantas daninhas e permitiu um controle mais eficiente.

Desvantagens

Impacto na saúde humana: a Agência Internacional de Pesquisa sobre o Câncer (IARC),da OMS, classificou o glifosato como “provavelmente cancerígeno para humanos” (Grupo 2A),levantando preocupações sobre sua segurança. Embora outras agências reguladoras discordem, a controvérsia persiste.

Desenvolvimento de resistência: o uso contínuo e excessivo do glifosato levou ao surgimento de plantas daninhas que desenvolveram resistência ao herbicida, tornando-o menos eficaz em algumas áreas.

Danos a outras plantas: por ser um herbicida de amplo espectro, o glifosato pode danificar ou matar plantas que não são o alvo, incluindo a flora nativa, se a aplicação não for precisa.

Toxicidade para a fauna: estudos mostraram que o glifosato pode ser tóxico para algumas espécies não-alvo, como abelhas e outros polinizadores, prejudicando a saúde de suas colônias.

Em resumo, a escolha de usar o glifosato envolve um balanço entre os benefícios econômicos, a eficiência no controle de plantas daninhas e os riscos potenciais para a saúde humana e o meio ambiente.

Linha do tempo do glifosato

  • Invenção, descoberta e comercialização

1950 – Descoberta da molécula do glifosato pelo químico suíço Henri Martin, da farmacêutica Cilag.

1970 – O químico John E. Franz, da Monsanto, desenvolve herbicidas à base de glifosato. O produto já era usado pela Stauffer Chemical para limpar metais.

1974 – Monsanto começa a produzir herbicidas de glifosato em escala industrial, inicialmente para produção de borracha na Malásia e trigo no Reino Unido.

1995 – Chegam ao Brasil as sementes transgênicas de soja, milho e algodão Roundup Ready, da Monsanto, resistentes ao glifosato. As vendas aumentam a partir de 2005, com a liberação da soja transgênica, e transformam o produto no herbicida mais usado nas lavouras.

2000 – Patente da Monsanto expira e o glifosato torna-se o princípio ativo de mais de 2 mil produtos de diversas outras empresas. Hoje, no Brasil, mais de 100 agrotóxicos contêm glifosato.

  • Controvérsias e ações judiciais

2015 – Estudo da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer (IARC),ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS),associa o glifosato ao câncer, descrevendo-o como um “provável causador” da doença.

2016 – Um painel com representantes da OMS e da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) dão parecer positivo ao glifosato quando a exposição se dá de forma limitada e por meio do consumo de alimentos.

2018 – A Bayer concluiu a compra da Monsanto por US$ 63 bilhões (R$ 248 bilhões),a maior já feita pela empresa alemã no exterior, criando a maior companhia de pesticidas e sementes do mundo.

2018 – Bayer é condenada a pagar US$ 289 milhões (R$ 1,1 bilhão) ao ex-jardineiro Dewayne Johnson, que teve câncer por exposição prolongada ao glifosato. Em março de 2019, foi condenada a pagar US$ 80 milhões (R$ 315 milhões) a Edwin Hardeman, por não alertar sobre os riscos do produto.

2019 – A Anvisa faz reavaliação do glifosato, iniciada em 2008, e permite seu uso no Brasil. Afirma que a substância “não apresenta características mutagênicas e carcinogênicas”. A agência avaliou 16 pareceres próprios e 3 externos.

* Informações do site da Fiocruz.

Enfim, gostou desse conteúdo? Então, aproveite e leia nosso artigo sobre gestão de herbicidas.


Publicado por:
Formada em Jornalismo, pós-graduada em Marketing e especialista em Comunicação Digital, atua como Analista de Conteúdo no MyFarm. 
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