Colheitabilidade: o que é e como aumentar a eficiência da colheita na lavoura?
Mais do que a simples facilidade de colher, a colheitabilidade engloba um conjunto de práticas que otimiza o processo de colheita, tornando-o mais rápido, limpo e com menos perdas.
Neste artigo, você vai entender o que é colheitabilidade, como ela impacta sua produção e quais estratégias podem ser adotadas para maximizar os ganhos na colheita.
Portanto, se você deseja aumentar a eficiência da colheita na sua lavoura, continue a leitura.
Confira a seguir!
O que é colheitabilidade? Quais fatores ajudam a melhorar a eficiência na colheita?
A colheitabilidade nada mais é do que a facilidade com que a máquina consegue retirar o produto da lavoura, sem perdas e com a máxima qualidade.
Embora ainda não haja uma definição formal em normas técnicas, a colheitabilidade é um conceito fundamental para avaliar a qualidade da lavoura no momento da colheita, determinando a eficiência operacional e o volume de perdas.
Parece simples, mas existe uma série de características da planta que influenciam diretamente a performance da sua colhedora como:
Uniformidade da maturação: se as plantas amadurecem em tempos diferentes, você pode ter grãos verdes e maduros na mesma passada da colhedora, o que dificulta a regulagem e aumenta as perdas.
Altura e porte das plantas: lavoura muito alta ou muito baixa pode atrapalhar o sistema de corte e alimentação da máquina.
Resistência ao arrancamento: se as plantas “seguram” demais o produto, a máquina precisa de mais força para destacá-lo, gastando mais combustível e podendo causar danos.
Resistência à debulha: no caso de grãos, se eles se soltam com facilidade, pode haver perdas antes mesmo da colheita. Se, por outro lado, eles ficam muito presos, a máquina pode danificá-los ao tentar debulhar.
Arquitetura da planta: a forma como os ramos se distribuem e a posição das vagens ou espigas afetam o fluxo do material dentro da colhedora.
Sanidade da lavoura: plantas com doenças ou pragas podem apresentar hastes mais fracas ou produtos de baixa qualidade, quebrando ou se perdendo mais facilmente na colheita.
Como a colheitabilidade impacta a colheita de grãos?
A colheitabilidade é um pilar fundamental para o sucesso da colheita e, consequentemente, para a rentabilidade da safra. Veja a seguir de que forma ela impacta a produção de grãos:
Redução de perdas na colheita
Uma lavoura com boa colheitabilidade permite que a máquina trabalhe de forma mais eficiente, diminuindo a quantidade de produto que fica no campo ou que é danificado durante o processo. Logo, é possível reduzir as perdas de grãos.
Aumento da eficiência da máquina
Em geral, quando a lavoura apresenta boas condições, sua colhedora consegue trabalhar em uma velocidade ideal, sem entupimentos ou paradas constantes para ajustes. Isso significa menos tempo de máquina em campo, menor consumo de combustível e menor desgaste dos equipamentos.
Melhor qualidade do produto colhido
Uma colheita bem feita, com poucas perdas e danos, resulta em um produto final de maior qualidade. Nesse caso, grãos inteiros e limpos garantem melhores preços de venda, menores custos de pós-colheita (secagem, limpeza, armazenamento) e evitam problemas com fungos e pragas.
Otimização de custos
Por gerar redução de perdas, maior eficiência da máquina e melhor qualidade do produto, a colheitabilidade contribui para a otimização dos custos. Isso significa que há menos gasto com retrabalho, combustível e com a manutenção da máquina a longo prazo.
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Como medir a colheitabilidade?
Em resumo, a colheitabilidade pode ser avaliada e medida por meio de indicadores como o Índice de Colheitabilidade (ICO) e a determinação de perdas na colheita. Entenda a seguir:
Índice de Colheitabilidade (ICO)
No caso da cana-de-açúcar, o ICO, desenvolvido por Ramos (2016),é um indicador que considera fatores como a altura do canavial, organização do plantio, inclinação do terreno e disposição das soqueiras para avaliar a facilidade de colheita.
Mapeamento da colheita
O uso de tecnologias como drones e sensoriamento remoto permite a coleta e análise de dados precisos sobre a operação de colheita. Dessa forma, auxilia na identificação de áreas com maior ou menor colheitabilidade.
Determinação de perdas na colheita
As perdas de grãos podem ser avaliadas durante a colheita por meio do método do copo medidor volumétrico. Nele, é possível delimitar uma área, recolher os grãos perdidos e os colocar no copo para estimar o volume e peso dos grãos perdidos por hectare.
Análise de perdas físicas
Outra forma de medir a colheitabilidade é mensurar as perdas físicas (antes e durante a colheita) por meio de amostragem. Para isso, é feita a delimitação de uma área para contar o número de grãos caídos (antes e depois da colhedora) e comparar a fim de avaliar as perdas.
Como aplicar a colheitabilidade na sua lavoura?
A princípio, para aplicar a colheitabilidade na lavoura é necessário considerar um conjunto de ações que começam bem antes da colheita. Confira um passo a passo de como fazer esse processo de forma eficiente!
1. Planejamento da Safra
O primeiro passo é realizar o planejamento de safra. Comece selecionando a cultivar e analisando o histórico da área. Para isso:
- Pesquise e escolha variedades com boa “arquitetura de planta” para colheita mecanizada;
- Considere cultivares adaptadas à sua região;
- Verifique a facilidade de debulha e a resistência a danos mecânicos;
- Avalie como foi a colheita em safras anteriores e a necessidade de ajustes no manejo ou na escolha da cultivar.
2. Manejo da lavoura
Após o planejamento da safra é necessário realizar o manejo da lavoura para garantir a qualidade dos produtos agrícolas. Portanto, fique atento aos seguintes cuidados:
Adubação equilibrada: forneça os nutrientes necessários nas fases corretas de desenvolvimento da planta. Plantas bem nutridas são menos suscetíveis a doenças.
Manter a lavoura limpa: plantas daninhas competem por recursos e podem atrapalhar o fluxo do material dentro da colhedora, aumentando entupimentos e perdas. Por isso, a importância de eliminá-las.
Sanidade da planta: plantas doentes ou atacadas por pragas podem ter hastes fracas, maturação desuniforme e menor qualidade de grãos, comprometendo a colheitabilidade. Assim, um bom programa de controle é essencial.
Disponibilidade de água: assegure que a lavoura tenha água suficiente nos momentos críticos, especialmente no enchimento de grãos, para promover uma maturação uniforme. O estresse hídrico pode causar maturação forçada e desuniforme.
3. Próximo à colheita
Comece a monitorar a lavoura bem antes da data prevista de colheita para determinar o momento ideal de umidade do grão e maturação. Afinal, colher no ponto certo minimiza perdas por debulha natural e danos mecânicos.
Nesta etapa, fique atento em relação a uniformidade. Para isso, observe se todas as plantas estão maduras por igual. Isso porque se houver desuniformidade significativa, será necessário realizar ajustes na colhedora ou aceitar um nível maior de perdas em parte da lavoura.
Além disso, se você utiliza a dessecação, é fundamental fazê-la no ponto ideal e com o produto certo. Isso garante uma secagem uniforme das plantas, facilitando a colheita e evitando problemas de colheitabilidade que podem surgir de uma dessecação mal executada.
Por fim, fique sempre atento às condições climáticas. Chuvas inesperadas, após o ponto de colheita, podem acamar a lavoura, reumedecer os grãos e atrasar significativamente a operação, resultando no aumento de perdas.
4. Durante a colheita
Este é o ponto onde o conceito de colheitabilidade é “aplicado” diretamente pela máquina. Portanto, é fundamental garantir que as colhedoras de grãos operem corretamente.
Altura de corte: ajuste a plataforma para a altura correta, pegando o máximo de vagens/espigas e o mínimo de palha possível.
Molinete: regule a velocidade e a posição do molinete para que ele “alimente” a plataforma de forma contínua e sem derrubar grãos.
Rotação do cilindro e abertura do côncavo: ajuste-os para debulhar o grão de forma eficiente, sem quebrar ou deixar grãos nas vagens/espigas.
Ventilação e peneiras: regule para separar o grão limpo da palha e impurezas, sem jogar grãos para fora.
Ajuste contínuo: as condições da lavoura (umidade, acamamento) podem mudar ao longo do dia ou do talhão. O operador deve fazer ajustes finos constantemente.
Velocidade de deslocamento: ajuste a velocidade da colhedora de acordo com a produtividade da lavoura e as condições do campo. Uma velocidade excessiva pode sobrecarregar a máquina e aumentar as perdas.
Manutenção Preventiva: uma colhedora bem mantida, com facas afiadas, correias ajustadas e componentes em bom estado, funciona com mais eficiência e reduz perdas.
Ao aplicar essas práticas de forma integrada, você estará não apenas “colhendo”, mas otimizando cada etapa para garantir que a sua lavoura entregue o máximo do seu potencial produtivo de forma eficiente e lucrativa.
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