Plano Safra: como escolher a linha de crédito ideal para seu negócio rural
O Plano Safra é uma das principais ferramentas de apoio ao produtor rural brasileiro. Atualizado anualmente pelo governo federal, ele oferece crédito com condições facilitadas para custeio, investimento e comercialização da produção agrícola.
Desse modo, com a divulgação do Plano Safra 2025/2026, surgem novas oportunidades e linhas de financiamento que podem te ajudar a crescer com mais segurança e planejamento.
Neste artigo, você vai entender como funciona o Plano Safra, quem pode acessar os recursos e conferir as principais novidades.
Acompanhe a seguir!
O que é o Plano Safra? Como funciona?
O Plano Safra é um conjunto de políticas públicas criado pelo governo federal brasileiro para apoiar financeiramente a produção agropecuária no país. Assim, ele é lançado anualmente ( entre junho e julho) e oferece linhas de crédito com juros reduzidos, subsídios e incentivos específicos para diferentes perfis de produtores.
Principais objetivos do Plano Safra:
- Financiar o custeio, a produção e a comercialização de lavouras e criações;
- Incentivar a modernização das propriedades rurais;
- Apoiar práticas sustentáveis e tecnológicas no campo;
- Promover a segurança alimentare o abastecimento nacional;
- Garantir renda ao produtor rural e fomentar o desenvolvimento do setor.
Quem tem direito ao Plano Safra?
A princípio, o Plano Safra é um programa abrangente que busca atender a diversos perfis de produtores no Brasil. Basicamente, todos os produtores rurais podem ter acesso ao Plano Safra, mas as condições e linhas de crédito específicas variam de acordo com o porte da produção, a renda e o tipo de atividade. Entenda:
Agricultores Familiares (Pequenos Produtores)
Este é um dos públicos prioritários do Plano Safra. Para eles, existe um programa específico: o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar). A renda bruta anual familiar para enquadramento no Pronaf geralmente é atualizada a cada Plano Safra.
Médios Produtores Rurais
Para este grupo, o Plano Safra disponibiliza o Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural). Na prática, ele é destinado para produtores que possuem uma renda bruta anual que se encaixa em um limite intermediário, que geralmente é maior que o do Pronaf e menor que o dos grandes produtores.
Grandes Produtores Rurais e Cooperativas
O Plano Safra também destina recursos para produtores de maior porte e suas cooperativas. Nesse caso, estão os produtores cuja renda bruta anual agropecuária supera os limites do Pronaf e do Pronamp.
Quais são as exigências para a concessão do Plano Safra?
A princípio, independentemente do perfil (pequeno, médio ou grande produtor),para acessar o Plano Safra, é necessário atender a alguns requisitos gerais:
Regularidade Cadastral: estar com sua documentação em dia, incluindo o Cadastro Ambiental Rural (CAR) analisado e regular. O Plano Safra incentiva as boas práticas ambientais, podendo oferecer juros menores para quem se destaca nesse quesito.
Apresentar um projeto produtivo: demonstrar o objetivo do financiamento, seja para custeio (compra de insumos, por exemplo) ou investimento (compra de máquinas, construção de armazéns, etc.).
Capacidade de pagamento: as instituições financeiras avaliarão sua capacidade de honrar o compromisso financeiro.
Estar em dia com obrigações fiscais e sociais: não ter pendências com o governo ou em relação a trabalho análogo à escravidão.
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Quais tipos de crédito estão disponíveis no Plano Safra?
O Plano Safra oferece uma ampla variedade de linhas de crédito, cada uma pensada para atender a uma necessidade específica do produtor rural. De forma geral, os tipos de crédito podem ser classificados em quatro grandes finalidades:
1. Crédito de Custeio
Este é o tipo de crédito mais é essencial para o dia a dia da atividade rural, pois serve para financiar as despesas operacionais da produção. Nesse sentido, ele pode ser utilizado para:
- Compra de sementes, fertilizantes, defensivos agrícolas;
- Aquisição de ração, medicamentos e vacinas para animais;
- Mão de obra temporária para as etapas da safra;
- Outros insumos e serviços necessários para o ciclo produtivo da lavoura ou criação.
Quem pode acessar: todos os perfis de produtores (pequenos, médios e grandes),com condições e taxas de juros que variam conforme o programa (Pronaf, Pronamp ou demais linhas para grandes produtores).
2. Crédito de Investimento
O crédito de investimento é voltado para o aprimoramento e modernização da propriedade rural. Portanto, ele deve ser usado para financiar a aquisição de bens duráveis e a realização de melhorias, como:
- Compra de máquinas e implementos agrícolas (tratores, colheitadeiras, semeadoras);
- Construção ou ampliação de silos, armazéns e estruturas de beneficiamento;
- Implantação de sistemas de irrigação;
- Reforma e construção de benfeitorias na propriedade (galpões, currais, moradias rurais);
- Recuperação de áreas e pastagens degradadas;
- Adoção de tecnologias (agricultura de precisão, automação);
- Formação de lavouras e florestamento de áreas.
Programas específicos: muitos programas dentro do Plano Safra focam em investimento, como o RenovAgro (antigo ABC, para baixa emissão de carbono),Inovagro (incentivo à inovação tecnológica),PCA (construção e ampliação de armazéns) e Proirriga (irrigação).
3. Crédito de Comercialização
Este tipo de crédito tem como objetivo apoiar o produtor na venda da sua produção, permitindo que ele tenha maior controle sobre o momento de comercialização. Sendo assim, ele pode ser utilizado para:
- Armazenar a produção e vendê-la no momento mais oportuno do mercado, evitando pressões para escoar rapidamente a safra e vendendo a preços desfavoráveis;
- Cobrir custos relacionados à movimentação e escoamento dos produtos.
Contudo, o crédito de comercialização ajuda a garantir melhores preços para a colheita e a fortalecer sua posição no mercado.
4. Crédito para Industrialização
Embora menos comum para a maioria dos pequenos produtores, essa linha de crédito é fundamental para aqueles que buscam agregar valor à sua produção primária.
Em resumo, ele serve para financiar a transformação da matéria-prima agrícola em produtos industrializados, como:
- Compra de embalagens, rótulos, condimentos e outros itens para processamento;
- Aquisição de máquinas e equipamentos para pequenas agroindústrias na propriedade.
Portanto, seu principal benefício é permitir que o produtor rural diversifique sua fonte de renda e alcance novos mercados a partir de produtos com maior valor agregado.
Linhas específicas do Plano Safra
Além dessas categorias, o Plano Safra desdobra-se em diversos programas, que se encaixam nas finalidades de custeio e investimento, com condições específicas para cada perfil de produtor:
Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar): destinado aos pequenos produtores, com as taxas de juros mais baixas e condições mais flexíveis. Possui subprogramas como o Pronaf Mais Alimentos, Pronaf Bioeconomia, Pronaf Agroecologia, Pronaf Jovem, Pronaf Mulher, Pronaf Habitação, entre outros.
Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural): com condições intermediárias de juros e limites de financiamento, para médios produtores.
Outras linhas para grandes produtores e cooperativas: recursos significativos são destinados a projetos de maior porte, com taxas e condições de mercado, mas ainda dentro do escopo e direcionamento estratégico do Plano Safra.
Em síntese, cada tipo de crédito e programa é desenvolvido para fortalecer o agronegócio brasileiro, garantir a produção de alimentos e promover o desenvolvimento sustentável no campo.
Onde solicitar o crédito do Plano Safra?
Os recursos do Plano Safra são operados por instituições financeiras autorizadas pelo governo federal. Sendo que, as principais são:
- Banco do Brasil;
- Caixa Econômica Federal;
- Banco do Nordeste (BNB);
- Banco da Amazônia (BASA);
- Cooperativas de Crédito: Sicredi, Sicoob, Cresol, entre outras.
Como solicitar o crédito do Plano Safra?
Para solicitar o crédito do Plano Safra, você precisa seguir um passo a passo que envolve a preparação da documentação e a procura pela instituição financeira. Confira a seguir!
1. Identifique suas necessidades e o tipo de crédito
O primeiro passo é avaliar para que você precisa do dinheiro. Afinal, ter clareza sobre o destino dos recursos ajudará a definir a linha de crédito mais adequada e as informações que você precisará reunir.
2. Verifique seu enquadramento (Pronaf, Pronamp ou outros)
O próximo passo é verificar em que perfil você se encaixa. As regras de enquadramento (renda bruta anual, tamanho da propriedade, etc.) são atualizadas a cada Plano Safra, então é bom verificar as informações mais recentes.
3. Prepare a documentação necessária
Essa é uma etapa essencial e a documentação pode variar um pouco entre os bancos e o tipo de crédito. No entanto, entre os principais temos:
- Documentos Pessoais: RG, CPF (se for pessoa física) ou CNPJ, Contrato Social/Estatuto (se for pessoa jurídica/cooperativa);
- Comprovante de Residência;
- Comprovante de Posse ou Propriedade da Terra: escritura, contrato de arrendamento ou comodato, Certificado de Cadastro de Imóvel Rural (CCIR) do Incra, comprovante do Imposto Territorial Rural (ITR);
- Cadastro Ambiental Rural (CAR);
- Certidões Negativas;
- Projeto Técnico ou Plano de Investimento;
- Outorga de uso da água: se a sua atividade envolver o uso de recursos hídricos (como em sistemas de irrigação),pode ser exigida a outorga;
- Licença Ambiental: para determinadas atividades, uma licença ambiental ou documento que comprove a regularidade ambiental pode ser requisitado.
Dica importante: comece a reunir a documentação com antecedência, pois alguns documentos como o CAR e certidões, podem levar um tempo para serem emitidos ou atualizados. Ter tudo em ordem agiliza o processo de solicitação.
4. Apresente sua proposta no banco ou cooperativa
Em seguida, apresente ao banco ou cooperativa o projeto técnico ou a proposta de financiamento, detalhando o que será feito com o recurso (compra de insumos, máquinas, construção de benfeitorias, etc.),os custos envolvidos, o cronograma e a expectativa de produção e retorno.
5. Aguarde a análise de crédito
A instituição financeira vai fazer uma análise de crédito, avaliando sua capacidade de pagamento, a viabilidade técnica e econômica do seu projeto e sua regularidade documental.
6. Assinatura do contrato e liberação dos recursos
Por fim, se a análise for aprovada, você assinará o contrato de financiamento. Os recursos serão liberados de acordo com o cronograma estabelecido no projeto (podem ser liberados em parcelas, conforme a necessidade de cada etapa da safra ou do investimento).
Quais são as novidades do Plano Safra 2025/2026?
O Plano Safra destinará um total de R$ 516,2 bilhões para o financiamento da agricultura empresarial no país. Esse valor representa um aumento de R$ 8 bilhões em comparação com a safra anterior, evidenciando o compromisso em fortalecer o setor.
O Plano Safra é dividido em duas partes principais:
Agricultura Empresarial (Médios e Grandes Produtores): o valor de R$ 516,2 bilhões é direcionado a esse segmento, com foco em operações de custeio, comercialização e investimento.
Agricultura Familiar: o Plano Safra para a Agricultura Familiar foi lançado separadamente em 30 de junho de 2025, com um montante de R$ 89,2 bilhões. Desses, R$ 78,2 bilhões são para o Pronaf (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar),com taxas de juros entre 0,5% e 8%.
Destinação dos Recursos
Custeio: a maior parte dos recursos, R$ 414,7 bilhões, será destinada às linhas de custeio, que cobrem as despesas diárias da produção agrícola.
Investimento: R$ 101,5 bilhões serão alocados para investimentos, permitindo que os produtores modernizem suas propriedades, adquiram máquinas e equipamentos mais eficientes e melhorem a infraestrutura.
Comercialização: recursos também são previstos para a comercialização, auxiliando os produtores no armazenamento e venda de seus produtos em momentos mais favoráveis do mercado.
Juros e Condições
Houve um aumento nas taxas de juros em diversas linhas de crédito em comparação com a safra anterior, refletindo o cenário da taxa Selic (taxa básica de juros do Brasil),que atualmente está em 15% ao ano.
Por exemplo, a taxa do Pronamp (Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural) subiu de 8% para 10% na safra atual. Para custeio empresarial, a taxa passou de 12% para 14%.
No entanto, apesar do aumento, o governo prorrogou até junho de 2026 o desconto de 0,5 ponto percentual na taxa de juros para operações de crédito rural de custeio.
Incentivos à sustentabilidade e inovação
O plano inclui o financiamento para a aquisição de mudas de espécies nativas para a recuperação de áreas de preservação permanente (APPs) e reservas legais. Além disso, há incentivos para ações de prevenção e combate a incêndios em propriedades rurais.
Nesse sentido, o Programa para Construção e Ampliação de Armazéns (PCA) foi aprimorado, com o limite de capacidade por projeto aumentado de 6 mil para 12 mil toneladas, visando melhorar a infraestrutura de estocagem.
Por fim, pela primeira vez, os recursos do Plano Safra poderão ser utilizados para a aquisição de caminhões-pipa ou carretas-pipa, importante para regiões com escassez hídrica.
Renegociação de dívidas
O governo flexibilizou as condições para a renegociação de dívidas. Agora ele oferece mais opções para os produtores que enfrentaram dificuldades em safras passadas.
Conclusão
Como vimos, o Plano Safra é um programa anual do governo federal que oferece crédito rural com condições facilitadas para produtores investirem na produção agrícola.
Com as novas condições apresentadas no Plano Safra 2025/2026, tanto a agricultura familiar quanto a empresarial podem acessar linhas de crédito com juros reduzidos e prazos facilitados.
Portanto, avalie as linhas que se encaixam no perfil da sua propriedade e consulte uma instituição financeira para garantir o melhor aproveitamento dos benefícios oferecidos.
Enfim, gostou desse conteúdo? Então, aproveite e leia nosso artigo sobre o Plano Safra da Agricultura Familiar.